A PRIMEIRA É SEMPRE A MAIS DIFÍCIL
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12/21/20254 min read


Perdi as contas de quantas vezes tentei escrever esta primeira crônica. Não que eu nunca tenha escrito uma, pelo contrário, aqui e ali faço uns rabiscos para família e amigos, mas registrar minhas composições assim com título, site e CEP me parecia sempre um desafio muito grande, para não dizer muita audácia da minha parte, entretanto o chamado a escrever e o incentivo de bons amigos e familiares (falarei de todos eles por aqui com o passar do tempo) findou por vencer, eis aqui, quem diria, a primeira! Vamos começar pelo começo.
Eu adoraria narrar aqui nesta primeira crônica uma história de sucesso de como sempre escrevi bem e etc., mas a realidade vai de encontro a isso. Embora escrever sempre tenha sido um vício incrustado na alma não sei precisar quando ou como comecei a escrever. No colégio a matéria redação sempre me assombrou, meus mestres Alcir e Waldir Alencar tiveram muito trabalho comigo. Meus pais então, nem se fala! Viam as minhas notas na matéria e em silêncio questionavam-se: “como ele vai ser advogado escrevendo assim? ”. A letra era feia, as ideias pareciam se alocar de forma açodada no papel, enfim, um martírio para quem lia, maior ainda para mim e meus pais quando recebíamos as notas.
Meu pai vaticinava: “só vai escrever bem o dia que começar a ler mais! ” Ele não poderia estar mais certo. Em uma ida a uma das muitas Big Ben's que existiam em nossa cidade, certa feita, me deparei com uma pequena prateleira de livros que continha uma coleção de clássicos vendidos pela editora Martin Claret (muitos dos quais tenho em minha biblioteca até hoje). Estava na fila do caixa e lembro que em quase todas as farmácias da rede haviam livros desta editora expostos pertos dos caixas, hoje a rede de farmácias está extinta e livros não são mais vendidos em drogarias. Azar o nosso!
Adquiri meu primeiro clássico: Sherlock Holmes um estudo em vermelho. O primeiro livro da série escrita por Sir Arthur Conan Doyle. Devorei o compêndio no mesmo dia. Daí em diante muitos outros títulos e autores vieram, José de Alencar, Machado de Assis, Júlio Verne... Enfim, talvez esses tenham sido meus verdadeiros professores de redação já que minha dificuldade com o vernáculo parecia não ter antídoto!
Lendo ganhei confiança em escrever, aumentei meu vocabulário e as notas melhoraram. No vestibular também deu tudo certo, nos anos de academia e na vida profissional a escrita foi e segue sendo a contento, ao ponto de um magistrado amigo certa vez ter me recebido em seu gabinete e ao ler meu petitório surpreso declinar: “eu achava que um advogado de setenta anos havia escrito esta peça!”. Tomei como elogio.
Apesar disso, nunca me senti envaidecido, ao revés, meus rascunhos sempre foram muito tímidos, reservados para peças profissionais ou textos em homenagem a pessoas queridas, sempre registrei nas notas do celular, em papéis que carrego na carteira, em capas de agenda e etc. as minhas ruminações e cismas frutos das minhas observações da vida, da marcha inexorável do tempo e de frações de existência extraídas da rotina que na maioria das vezes, reféns do caos diário que somos, deixamos escorrer sem perceber. E claro, não menos importante, aqui e acolá, averbo meus ensaios sobre tudo que vivi, vi e ouvi nesses anos de boemia.
Aliás, não fosse a boemia esta página de crônicas não teria saído nunca do forno. Foi um papo de bar com um querido amigo escritor que colocou em movimento as engrenagens deste pretenso cronista. Mas isso é história para outro dia, por ora, fiquem à vontade, sirvam-se de bebida que melhor lhes aprouver e aproveitem estas baldas linhas que serão publicadas aqui nesta página sempre às terças feiras (com exceção desta primeira, por óbvio).
E porque às terças? Explico. As segundas já trazem consigo o estigma da ressaca e da preguiça do início da semana, já as quartas possuem o seu charme de ser o meio da semana, onde os planos para o fim da semana começam a ser desenhados, o corpo já esta mais solto, a sede começa a se aprocehgar, nas quintas temos já a ansiedade da sexta, a quinta é uma bola na trave no bom sentido, pois não é o que a gente quer, mas está perto! A sexta é a rainha da semana, a sensação de relaxamento, paz e euforia se perfaz em uma perfeita fusão de alegria. O sábado e o domingo dispensam apresentações.
E a terça? Para a terça sobrou o vazio, nela nada se tem a não ser a vontade de que chegue e se vá rápido. Na tentativa de melhorar um pouco esse malfadado dia e lhe trazer um toque de humor, reflexão e relaxamento, passarei a publicar meus rascunhos neste dia. Espero que de algo sirvam! Nem que seja para serem lidos como forma de passar o tempo na fila de alguma drogaria, já que não existem mais Big Ben's e nem prateleiras com livros editados pela Martin Claret nas filas dos caixas. Sendo assim, até terça!